Roda de capoeira, música e samba marcam início da 113ª Lavagem de Itapuã

O bairro de Itapuã, na Orla de Salvador, amanheceu em festa nesta quinta-feira (1º), dia em que se comemora a 113ª Lavagem de Itapuã, evento popular que acontece tradicionalmente no local uma semana antes da abertura do Carnaval da capital baiana, e que é marcada pelo sincretismo religioso com a devoção de católicos à Nossa Senhora da Conceição; e Iemanjá, no Candomblé e na Umbanda.

Os festejos começaram na madrugada com um Bando Anunciador que percorreu as ruas do bairro, segundo programação.

Enquanto não acontece a tradicional lavagem das escadarias da Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Itapuã, marcada para 12h, na Praça Dorival Caymmi, rodas de samba e capoeira animam a festa.

“Essa é uma roda de capoeira legítima, sem rótulos, sem camisa. É a nossa cultura, nossa tradição”, diz o capoeirista Lucas Ferreira, mais conhecido como “Rato”, campeão mundial de capoeira em 2017.

À espera da abertura da igreja, os fiéis também aproveitam para pedir proteção, já que o evento é marcado pelo sincretismo religioso. “Peço sempre paz e proteção. É o que estamos precisando”, conta a aposentada Ana Glória Silva, 66 anos.

A ialorixá Mãe Carmen, de 81 anos, veio de São Paulo, do terreiro Casa de Caridade Iemanjá e Xangô, para cumprir a tradição que faz questão de manter há 37 anos. “É importante saudar nossa mãe Iemanjá e a todos os orixás”, lembra.

A aposentada Isabel Santos, de 71 anos, é filha de santo e frequenta a Lavagem há dez anos. “Esse tipo de evento é importante para a cidade porque ressalta nossa cultura. Amanhã [sexta, 02] estarei no Rio Vermelho também. A Bahia é isso”, planeja.

Outra tradição da festa desde 1987, a Baleia Rosa inflável de nove metros, também já está pronta para seguir o cortejo. A baleia simboliza a época em que moradores do bairro pescavam baleias encalhadas para extrair óleo, importante atividade econômica da época.

“A festa da Baleia Rosa foi uma invenção de Wally Salomão, João Loureiro e Gilberto Gil. Começou há 31 anos, porque entre os séculos XIX e XX a economia de Itapuã era baleeira e as baleias eram caçadas para serem desossadas e extrair o óleo para acender candeeiros da cidade de Salvador. A baleia vai sair hoje com o bloco Malê Debalê, com o grupo Vadiação Capoeira. Vamos fazer uma grande festa hoje”, explica Cristiano Loureiro, representante da Baleia Rosa.

Durante todo dia, o evento contará com o desfile de 17 blocos, que devem sair a cada 15 minutos, entre a praia de Placaford até a Rua Aristides Milton, no início da ladeira do Abaeté.

Fonte: Varela Noticias