Quixabeira: Alto do Capim realiza a IV oficina do projeto Rotas Quilombolas de Mulheres Negras da Chapada Norte


No dia 01/12 mulheres, homens e crianças, representantes de diversas comunidades quilombolas da região, realizaram em Alto do Capim, município de Quixabeira-BA, a IV oficina do projeto Rotas Quilombolas de Mulheres Negras da Chapada Norte.

Ao chegar na comunidade, as/os visitantes foram recebidos pelas mulheres e membros da Associação Quilombola dos Produtores de Alto do Capim e Adjacências (AQPACA), com um delicioso café da manhã, recheado de sabores típicos da culinária local, e num espaço aconchegante decorado com tecidos, cores, artesanatos e objetos antigos que lembram a cultura, resistência e memória do povoado. 



Inicialmente, os anfitriões Lucília Moura, liderança política, Nicanor Souza e Ronísia Ferreira, membros da AQPACA, deram as boas-vindas apresentando a história de Alto do Capim, destacando suas potencialidades culturais e a luta pelo reconhecimento da comunidade como remanescente de quilombo. Lucília lembrou ainda o nome de fundadores do quilombo e falou da importância do auto reconhecimento.


A oficina teve como tema “acesso e promoção de políticas públicas e sociais para mulheres negras e quilombolas e para os povos tradicionais”, abordando o acesso à terra e as questões da regularização fundiária, acesso à saúde, a educação contextualizada e geração de emprego e renda para as mulheres negras e quilombolas. Com facilitação de Edivânia Moreira e Edna Moreira, as/os participantes discutiram sobre o significado de ser quilombola, de autoafirmação, força, resistência e poder que tem na união do povo negro. Expuseram experiências e desafios enquanto negros/as e quilombolas e refletiram sobre a atual conjuntura política nacional, de constante retirada de direitos e redução de investimentos em políticas públicas, o que aumenta ainda mais a desigualdade entre negros e brancos no país.


“Nos libertaram dos grilhões, mas querem continuar nos escravizando. Nosso salário, cada dia que passa diminui. Com essa previdência que tá aí então, nós pretos é que vamos sofrer. Imagine aí, as pessoas com deficiência receber metade de um salário-mínimo. Já fomos escravizados, as maiores vítimas da desigualdade e do desemprego e agora como vamos conseguir para nos aposentar dignamente?”, reclamou Maria Dalva, representante da comunidade Grota do Brito e Quilombo Erê.

Durante o debate também foi repudiado o crescimento do preconceito, injúria racial e da violência, manifestado no ataque às minorias e aos movimentos sociais, a exemplo do assassinato do líder do Quilombo Rio dos Macacos José Izídio Dias, no último dia 25/11.


Nesse sentido, foi realizado um levantamento das necessidades, potencialidades produtivas, ambientais e culturais, ações e eventos que já acontecem em cada quilombo durante todo o ano. E como estratégia de enfrentamento aos desafios de cada realidade foi construída uma agenda de luta permanente no território, com o intuito de mobilizar as comunidades contra o preconceito, a violência, a retirada de direitos, sobretudo das mulheres, e discutir a participação política e social. Além de promover o intercâmbio, esta agenda irá fortalecer a união e a solidariedade entre as comunidades tradicionais da região Chapada Norte Diamantina.


O encontro contou ainda com oficina prática sobre medicina natural, ministrada pela terapeuta Cristiane Santos, que falou sobre as principais doenças, físicas e emocionais, que atingem principalmente as mulheres negras, e apresentou terapias naturais e ervas medicinais, que muitas vezes dispomos em casa, eficientes no tratamento destas doenças. Cristina destacou ainda a importância da alimentação saudável, atividades físicas e de considerarmos os saberes populares das benzedeiras, rezadeiras, para termos uma saúde melhor.


Todo o evento foi animado por apresentações culturais, como dança afro, samba de roda e cantoria com o grupo de sambadores de Alto do Capim. No final da tarde, foi exibido o documentário "Venha Conhecer o Quilombo Erê", projeto também promovido pela SEPROMI, que conta a história do quilombo urbano da Bananeira de Jacobina.



•》O PROJETO
Rotas Quilombolas de Mulheres Negras da Chapada Norte é um projeto em parceria com a Secretaria de Promoção da Igualde Racial (SEPROMI) do Governo do Estado da Bahia, através do Edital Década Afrodescendente, realizado pela Central das Organizações de Desenvolvimento Sustentável do Piemonte da Diamantina (CODEP), em parceria com a Rede Quilombola da Chapada Norte (RQCN).

Fonte: Matéria retirada do Blog Ril de Beto
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